Feira do livro à moda do Porto

Feira do livro à moda do Porto
Fotografia: D.R.

Porto, a cidade invicta, a capital do norte, que muitas vezes fica para trás, esquecido na memória colectiva do país. Mas a urbe que deu nome a um dos vinhos mais famosos do mundo é um mundo à parte, que tem coleccionado prémios de turismo, entre os quais o de melhor destino europeu, já por três vezes, a ponto de se tornar num caso de estudo internacional.

É nesta cidade histórica que a cada ano decorre uma das mais conhecidas feiras do livro portuguesas, um evento com apenas quatro anos mas que já atrai milhares de pessoas. A última edição, em Setembro, atingiu o recorde de 285 mil visitantes.

A homenageada foi a poetisa – ou “poeta”, como gostava de se auto-intitular – Sophia de Mello Breyner Andresen, autora d’ O Anjo de Timor, um dos livros mais vendidos durante a feira, a par dos volumes Postais Ciclo de Natal, Porto., livro que descreve a nova identidade gráfica da cidade, e o guia histórico Jardins do Palácio de Cristal.

Estes jardins, onde se realiza o evento, são mágicos. É o pulmão da cidade, um espaço romântico projectado no século XIX pelo arquitecto paisagista alemão Émille David. Do projecto original conservam-se o jardim com o nome do autor, na entrada principal, a Avenida das Tílias, o bosque e a concepção das varandas sobre o Douro.

Enquanto folheamos um livro podemos contemplar as magníficas panorâmicas sobre o rio e a cidade, respirar o ar puro no epicentro da agitação. O local não poderia ser melhor, e é por este recanto incauto que a cada ano passam autores de renome, grandes vultos da literatura e não só, pois os livros não se esgotam nas linhas em que correm.

Sophia foi a última homenageada, juntando-se a Vasco Graça-Moura, Agustina Bessa-Luís e Mário Cláudio. José Eduardo Agualusa também esteve no Porto, para programar oito debates, mas houve igualmente sessões de cinema e teatro, exposições, sessões de spoken word, lições sobre escritores de língua portuguesa, entre inúmeros eventos.

A feira deste ano atraiu não só os portuenses como também novos públicos, garante a Câmara Municipal do Porto, que organiza o certame. Esse era um dos objectivos principais e assim há-de continuar a ser. A cidade vem-se reinventando e os livros copiaram-lhe o exemplo.