Chocolate, uma perdição com milhares de anos

Chocolate, uma perdição com milhares de anos
Fotografia: Tiago Canoso

Em 2014 foi notícia que a Universidade de Cambridge, em Inglaterra, andava à procura de um estudante para ingressar num doutoramento no mínimo invulgar: inventar uma barra de chocolate resistente ao calor. Até agora não se sabe o que aconteceu ao aluno…Que o chocolate é uma perdição, todos sabem. O que nem todos conhecem, e muito menos adivinham, são os novos usos e aplicações deste bem de consumo, pois a cada ano surgem ideias novas.

Se em 2015 um mestre chocolateiro belga inventou a moda de snifar chocolate, no ano seguinte um grupo de cientistas russos criou uma receita milagrosa, à base de cacau, carne de ouriço, estrela-do-mar e limão, que melhora o metabolismo e dá anos de vida. As receitas evoluem ao ritmo da imaginação humana. Do bolo de chocolate e laranja ao Kit Kat cor-de-rosa ou à panacotta de chocolate, o único problema é haver uma diferença entre o que queremos e o que devemos comer.

Lembra-se do pequeno Charlie e daquela fábrica de chocolate liderada por Willy Wonka, no célebre filme de Tim Burton? E se esse espaço mágico onde as crianças desapareciam devido aos seus vícios fosse transformado num hotel de charme onde tudo faz lembrar chocolate, desde a decoração dos quartos até aos produtos de banho, passando pelos menus do restaurante e por um famoso tratamento rejuvenescedor de chocotera- pia? Foi isso que aconteceu com a antiga fábrica A Vianen- se, em Viana de Castelo, que há mais de três anos deu lugar a um hotel diferente.

Algo parecido aconteceu em Montemor-o-Novo, no distrito de Évora, quando há alguns anos um casal comprou um imponente palacete para turis- mo de habitação e teve a ideia de lhe juntar uma fábrica de chocolate. Além de poderem conhecer por dentro um belo edifício do século XIX, com quartos modernos construídos em antigos celeiros, todos pintados de castanho e com vista para o castelo, os hóspedes do Palacete da Real Companhia do Cacau podem ainda experimentar uma massagem com chocolate e visitar a fábrica para degustar os bombons aí produzidos.

O chocolate é, como pode ver-se, um mundo de oportunidades e ideias. E como se isto não bastasse, ainda dizem que faz bem à saúde. De menos em quando surge um novo estudo sobre os benefícios para o coração e a circulação sanguínea, a memória de trabalho, visual e espacial, o raciocínio abstracto e até mesmo o humor, uma vez que o chocolate liberta as famosas endorfinas, as hormonas da felicidade.

Os seus efeitos antioxidantes também são conhecidos, levando a mesma Universidade de Cambridge a lançar uma marca de chocolate, o Esthechoc, que tem poucas calorias e retarda o envelhecimento da pele. “O chocolate não vai reverter o processo e tornar as pessoas mais jovens, mas espero que possa abrandar o envelhecimento dos tecidos e inibir os processos que são responsáveis pelo mesmo”, explica Ivan Panyaev, um dos investigadores responsáveis pela invenção.