“Jogo do Fim”, de Samuel Beckett, estreia dia 5 de Novembro, no Teatro da Rainha

“Jogo do Fim”, de Samuel Beckett, estreia dia 5 de Novembro, no Teatro da Rainha
“Jogo do Fim”, de Samuel Beckett, estreia dia 5 de Novembro, no Teatro da Rainha, com interpretações de Fábio Costa, Fernando Mora Ramos, Isabel Lopes e Nuno Machado. Trata-se da tradução original de Isabel Lopes para “Fin de partie” (1957), posteriormente publicada em inglês com o título “Endgame” (1958). Beckett considerava-a a melhor das suas peças.
Num tempo pós-apocalíptico, quatro personagens são, aparentemente, o que resta da humanidade, quatro elementos de um universo onde tudo é incerto e o nada é absoluto. O teatro de Beckett ergue-se em terreno fértil de possibilidades. Que cenário se encontra diante do público? Um abrigo nuclear? Um asilo? A mente de um criador? Criação e destruição são dois pratos numa balança que se equilibra num único ponto: talvez. Hamm surge no centro da cena como um rei cego e paraplégico, impotente. Clov obedece ao seu senhor, vacilando de um lado para o outro como peão num tabuleiro de xadrez.
Liga-os uma relação de interdependência que também ameaça terminar. Clov exprime-se com as palavras ensinadas por Hamm, este está dependente de Clov para concretizar as suas últimas vontades. Há ainda Nagg e Nell, progenitores de Hamm, literalmente atirados para caixotes do lixo, amputados dos membros inferiores, sobrevivendo com recordações de velhos tempos, histórias antigas.
Trágica e cómica em exactas proporções, esta é uma peça que desafia modelos, convenções, desviando-se de paradigmas e rótulos acerca do sentido da vida e do absurdo existencial. «Porquê esta comédia, todos os dias?» — questionam-se as personagens. Em tempos de calamidade e de emergência, a pergunta ecoa como a voz de uma consciência que se materializa. O que possa haver nela de pessimista é, pelo monstruoso que encena, um optimismo submerso. Provoca desejo de libertação, antagonismo, contradição. Provoca um desconforto que desperta.
“Jogo do Fim”, com encenação de Fernando Mora Ramos, direcção de actores e dramaturgia de Isabel Lopes, cenografia de José Carlos Faria, estará em cena de quarta a sábado, às 21h30, entre os dias 5 e 21 de Novembro de 2020.