Entre a Palestina de Scandar Copti e a nova cinematografia da Geórgia

Entre a Palestina de Scandar Copti e a nova cinematografia da Geórgia
Foto: DR

Entre a Palestina de Scandar Copti e a nova cinematografia da Geórgia, começa a ser revelada a programação da edição do FEST deste ano

Festival decorre de 21 a 29 de Junho em Espinho

 

Num regresso ao festival espinhense, Scandar Copti abre a programação fílmica do FEST com a sua mais recente produção: Happy Holidays. Premiado em Veneza na categoria de melhor argumento e com mais seis prémios em outros festivais, a segunda longa do palestiniano ocupa-se de um olhar humanista sobre a vida de uma família árabe residente em Israel, expondo tensões entre géneros, gerações e culturas, e tocando em temas como o aborto, a crise financeira, a saúde mental e os segredos familiares. Numa região marcada pelo conflito e onde a realidade raras vezes é preto no branco, o cinema de guerrilha de Copti é, hoje, um testemunho essencial na compreensão da vida na Palestina. O realizador estará presente em Espinho para apresentar o filme e orientar uma masterclass.

 

O cinema enquanto espaço político marca também o foco que o festival fará sobre o cinema da Geórgia na secção Be Kind Rewind. Numa altura em que o país se move nas ruas contra a ameaça do império russo, o cinema georgiano atravessa o seu melhor momento, com uma nova geração de autores que têm vindo a afirmar-se como algumas das mais ousadas e influentes vozes no circuito internacional de festivais. Um programa de longas e curtas-metragens que integra o trabalho de Rusudan Glurijdze, Elene Mikaberidze ou Tornike Koplatadze.

 

 Num ano em que o FEST está de olhos postos em visões optimistas e construtivas do futuro, a competição do Lince de Ouro faz-se de uma selecção de longas metragens onde o humor é chave para a resistência. Vencedor do prémio especial do júri em Sundance, a primeira longa-metragem de Joel Alfonso Vargas, Mad Bills To Pay (Or Destiny, dile que no soy malo), é um cocktail de humor e drama social contagiante, assente na vida de dia-a-dia de uma família Dominicana residente em Nova Iorque. Noutro regresso ao festival, Bernhard Wenger apresenta em Espinho Peacock, uma longa pautada pelo estilo inconfundível com que funde comédia, a sátira e a crítica social. Um filme corrosivo e sarcástico sobre a essência das relações humanas e as máscaras que criamos para nós próprios. Vencedor do prémio de melhor realização na Giornate Degli Autori no Festival de Veneza, a co-produção luso-brasileira Manas marca a entrada em cena de Marianna Brennand. Dona de uma particular sensibilidade, a realizadora aborda questões de abuso e exploração feminina de forma incisiva e corajosa, através da história de uma jovem rapariga perdida numa comunidade amazónica dominada pela violência de género. Da India, Cactus Pears, a primeira longa metragem de Rohan Kanawade, um drama romântico LGBTQIA+ sobre amor proibido, que é mais uma prova da vitalidade do cinema do país — recordemos o vencedor do Lince de Ouro do FEST 2024: Adamant Girl, de PS Vinothraj.

 

 No plano da produção nacional, C’est pas la vie en rose, de Leonor Bettencourt Loureiro encerrará o FEST 2025. Num regresso ao festival, a autora apresenta-nos a um filme que olha a Lisboa contemporânea, a sua gentrificação e a complexidade das relações humanas que a mesma encarcera, através da história de uma dupla de cantores estrangeira de sucesso que decide mudar-se para lá.

 

O Grande Prémio Nacional regressa com 4 programas de curtas-metragens, compostos por 23 obras de novos autores. A crise da habitação domina o ecrã, com vários trabalhos ligados ao tema, incluindo o impacto dos especuladores imobiliários na comédia de Filipe Amorim, Agente Imobiliário Sem Casa Para Viver, ou no pertinente documentário de Pedro Vinícius, Business as usual. Mais uma referência à Palestina em Fragmented, de Balolas Carvalho & Tanya Mara. No plano da ficção, uma nota para Arriba Beach de Nishchaya Gera, um thriller com ecos eróticos que conta com uma performance de luxo por parte de Inês Herédia; ou O Tempo das Cerejas de Clara Frazão Parente, uma obra que nos fala sobre o corpo e condição feminina. A competição inclui ainda novas obras de autores como Welket Bungué, Henrique Prudêncio, José Freitas e o estreante Luís Filipe Borges.

 

Mais confirmações para o programa de longas e curtas metragens do FEST, assim como dos convidados para a edição deste ano do Training Ground serão reveladas nas próximas semanas.