A sentinela das Portas de Ródão

A sentinela das Portas de Ródão
Fotografia: Geopark Naturtejo

Ainda há muito para descobrir sobre o castelo de Vila Velha de Ródão.

Castelo de Ródão, Castelo das Vila Ruivas, Castelo do Rei Vamba. Todos estes nomes referem-se à mesma fortaleza, da qual resta uma torre, construída presumivelmente nos séculos XII e XIII, por iniciativa da Ordem do Templo, que detinha este território nas primeiras décadas da monarquia. A muralha está bastante destruída. Muito perto fica a Capela de Nossa Senhora do Castelo, essa sim mais bem conservada.

Também lhe chamam Castelo das Portas, por estar no topo de uma das Portas de Ródão, uma formação geológica que é dos mais belos monumentos naturais do país. As escarpas de rocha parecem duas portas que se abrem para deixar passar o Tejo. A fortaleza teria, por isso, alguma importância na defesa do rio e da fronteira com Espanha, mas muito desse papel bélico continua por desvendar. Sabe-se que a estrutura foi intervencionada nas épocas moderna e contemporânea, em particular durante as invasões francesas.

Há cerca de 6 mil anos que as primeiras comunidades agro-pastoris estabeleceram-se nas charnecas envolventes do Tejo, construindo dezenas de povoados e monumentos funerários, as antas. Mais de 25 mil gravuras, dispersas ao longo de 40 km de ambas as margens, representam símbolos geométricos, antropomórficos e zoomórficos – o Complexo de Arte Rupestre do Tejo é um dos mais importantes da Europa. Actualmente, a maioria delas encontra-se submersa pela albufeira da Barragem de Fratel, sendo visíveis apenas na área de Perais e a jusante da Barragem de Fratel.

Os vários povos que se seguiram aproveitaram da melhor forma a riqueza natural, principalmente os romanos, que exploraram o cobre e o ouro de aluvião, como provam as margens dos rios Tejo e Ocreza. Enquanto isso, nas planícies aluviais do Açafal e do Lucriz cultivavam os terrenos agrícolas que abastecem de cereais as hordas de escravos utilizados na mineração. No entanto, o património desta terra é muito mais antigo, tem cerca de 600 milhões de anos, a idade dos fósseis de trilobites e bivalves que encontramos nas rochas de xisto e quartzo – são testemunhos de um mar antigo que chegava até Ródão.