Xeque Mate
Dos espanhóis às tropas de Napoleão e aos presos políticos – todos eles deixaram rastos de combate em Almeida, a aldeia que serviu como um autêntico tabuleiro de jogo.
Uma verdadeira pérola para os fãs de história militar, Almeida é como um livro em aberto perdido no interior. Mas desengane-se quem pense que esta aldeia do distrito da Guarda não conhece o devido reconhecimento: é uma das 12 aldeias históricas de Portugal, e a sua Fortaleza abaluartada (a par com as de Valença, Almeida, Marvão e Elvas) faz parte de uma candidatura em curso a Património Mundial da UNESCO.
A Fortaleza de Almeida foi mandada construir no período pós-Restauração por D. Álvaro de Abranches, general da província da Beira, em 1641. Os seus seis baluartes e seis revelins – que, vistos de cima, lhe conferem o ar de estrela de 12 pontas – devem-se ao desenho de Pierre Gilles de Saint-Paul. Devido à sua enorme dimensão, a construção da Fortaleza só findou passadas quatro décadas.
A sorte quis que, pouco depois, em 1762, a vila fosse cercada pelos exércitos espanhóis durante a Guerra dos Sete Anos. Nem por isso se deixou de proceder a obras de valorização na fortaleza. Em 1807, Almeida esteve na mira das tropas napoleónicas, que invadiram a praça. Passados dois anos, uma explosão no paiol levou à destruição de parte da fortaleza.
Tendo ainda funcionado como prisão política durante as lutas liberais, a Fortaleza deixou de servir para fins militares em definitivo no ano de 1927. A ela juntam-se o Picadeiro D’el Rey (no qual existiram as forjas para a manufactura e reparação do equipamento bélico, um quartel de artilharia e a Fábrica do Pão; tudo isso foi arruinado nos bombardeamentos do século XIX), a Casa do Marechal Leitão de Carvalho, também conhecida como Palácio dos Leitões, e o Quartel das Esquadras. Foram elementos de um jogo de combate e agora são, acima de tudo, monumentos que impressionam pelo seu valor.
Texto original de Mariana Rodrigues.