“Trabalhos da Casa” para celebrar 30.º aniversário d'A Escola da Noite

“Trabalhos da Casa” para celebrar 30.º aniversário d'A Escola da Noite

A Escola da Noite faz 30 anos. O ano de comemorações começa com “Trabalhos da Casa”, um ciclo de quatro dos seus mais recentes espectáculos, apresentado no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, entre Janeiro e Abril de 2022. O programa oferece a oportunidade ao público para ver ou rever peças de Gil Vicente, Matéi Visniec e Gonçalo M. Tavares, numa mostra de algumas das principais linhas de reportório que marcam o percurso da companhia. Os bilhetes já estão à venda e há um preço especial para quem quiser assistir às quatro produções.

A Escola da Noite fez a sua primeira prova pública de existência a 27 de Março de 1992, com a estreia de “Amado Monstro”, de Javier Tomeo. Desde então, estreou 72 novas criações, ao longo de três décadas de trabalho contínuo e regular, sem interregnos, que o grupo deseja celebrar com o público.

No seu manifesto inicial, de 1992, a companhia afirmava querer “contribuir, pela sua visão e interesses teatrais próprios, para a diversificação do olhar e do espectro de escolha do espectador”. “Importante para nós – afirmava-se – será que o público possa ler o nosso percurso e ir estabelecendo protocolos baseados no encontro possível das suas necessidades culturais com a nossa evolução”. Defendia-se, assim, a autonomia da criação artística, mas reservando um papel decisivo, constituinte e integrado no processo evolutivo da companhia, para um público que se desejava crítico e próximo.

O ciclo que abre as comemorações (cujo programa completo se estenderá até 27 de Março de 2023) promove essa proximidade e essa leitura do percurso artístico d'A Escola da Noite, oferecendo uma mostra representativa dos caminhos que o grupo foi abrindo e consolidando ao longo dos anos.

Os dois primeiros, em co-produção com o Cendrev, são as mais recentes abordagens d'A Escola da Noite ao universo vicentino. “Embarcação do Inferno” (estreado em 2016, com 180 sessões apresentadas numa notável carreira por todo o país) e “Floresta de Enganos” (estreado em Évora no passado mês de Dezembro) exprimem uma das marcas mais distintivas do reportório da companhia – a exploração da obra vicentina e o duplo desafio que ela encerra: encontrar novas formas para textos antigos e recriar, assim, o património dramatúrgico nacional, uma relevante tarefa de serviço público cultural.

Os dois outros espectáculos que voltam ao palco do TCSB – “Palhaço velho, precisa-se” e “Cidade, Diálogos” – são construídos a partir da escrita contemporânea, linha de trabalho que ocupa dois terços do conjunto das produções da companhia. “Palhaço velho, precisa-se” (estreado em 2020) é uma revisitação à obra do romeno Matéi Visniec, um dos mais importantes dramaturgos contemporâneos, de quem o grupo apresentou já dois outros espectáculos: “Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres” (2014) e “A mulher como campo de batalha” (2020). “Cidade, Diálogos”, que encerra a mostra “Trabalhos da Casa”, adapta uma obra não teatral de Gonçalo M. Tavares, prosseguindo assim uma via de experiências cénicas que a companhia tem empreendido com autores como Ruy Duarte de Carvalho, Kafka, Adélia Prado, Manoel de Barros, entre outros.