'Sardinha, o sem fim da pesca do cerco'

Ficar em terra não é opção
Fotografia: D.R.
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3. Ficar em terra não é opção

Os pescadores do cerco vão para onde o peixe vai. Idealmente, haverá sardinha perto de casa e, na sua maioria, os barcos vão para o mar à noite e voltam ao romper da manhã. O breve regresso a casa faz-se depois de descarregado e vendido o peixe e de munido o barco com combustível e gelo para o dia seguinte. Quando assim não é, os pescadores migram atrás do peixe, perseguindo-o pelo país fora, por vezes optando por não ter um porto fixo, durante meses longe de casa. A pesca do cerco é mesmo assim, longe do lar, nos barcos-casa, quase sem parar.

Mas o trabalho do cerco não acontece apenas no mar. Em terra, há muito trabalho feito antes, durante e depois da pesca propriamente dita, ao nível da gestão, abastecimento dos barcos, pequenas e grandes reparações nas redes ou mesmo avarias mecânicas. O cerco é também tempo do defeso, o período do ano em que os barcos não estão autorizados a pescar. Altura de recuperar com atenção as embarcações e as redes, elemento precioso. Um trabalho sempre de equipa e de camaradagem entre todos. Os pescadores do cerco não gostam de estar parados: um barco em terra deteriora-se; perde-se o ritmo e, sobretudo, o sustento.

Alguns detalhes de uma história que se procura traçar ao longo deste livro, cruzando o lado documental e artístico da fotografia, com informação técnica e didáctica sobre o tema. Parte de um universo de cerca de 20.000 imagens registadas ao longo de 4 anos, para apresentar a selecção que estabelece a narrativa principal, complementada com infografias e ilustrações científicas, procurando documentar e visualizar a complexidade desta arte de pesca. São apresentados enquadramentos históricos, entrevistas e notas biográficas de alguns pescadores, conteúdos sobre as técnicas de pesca, as espécies de peixe, os tipos de embarcações ou a construção naval.

Sardinha, o sem fim da pesca do cerco é apresentado na Póvoa de Varzim, primeiro no âmbito do Correntes d’Escritas, a 18 de Fevereiro, no Cine-Teatro Garrett, e depois numa cerimónia oficial, a 25 de Fevereiro, no Diana Bar, um evento que contará com a presença das edilidades, dos autores e dos contribuidores, bem como de muitos dos pescadores, armadores e tripulações que ajudaram a contar esta histórica, num momento que se tronará assim também numa celebração. O livro será depois apresentado, em jeito de itinerância, em datas a divulgar, pelas cidades costeiras de Viana, Matosinhos, Peniche, Ílhavo e Sines, entre outras.

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