Chocolate-Portugueses chegam aos 2 kg per capita
No negócio do cacau os preços costumam ser muito voláteis, devido às alterações climáticas e às pragas que afectam as colheitas, mas também por causa da instabilidade política, especialmente nos países africanos. A maioria da produção é feita por pequenos agricultores em pequenas pro- priedades. Muitos juntaram-se em cooperativas. Um dos maiores desafios que estas enfrentam é a concorrência das grandes multinacionais, que tentam convencê-los a deixar a cooperativa, oferendo-lhes um preço mais elevado.
Apenas três países, Costa do Marfim, Gana e Indonésia, re- presentam 68% da produção mundial, mas isso não diz tudo: 70% do cacau mundial reconhecido como fino e de qualidade vem do Equador. O país sul-americano ganha assim na qualidade devido às condições do clima, ao solo e à luminosidade, que dão ao cacau um sabor e aroma muito valorizados. A planta é o produto símbolo de uma nação que exporta 260 mil toneladas de cacau e cujo Governo estabeleceu como objectivo chegar às 400 mil por ano até 2020. Há vários anos que decorre um trabalho de recuperação de plantações tradicionais com grande qualidade.
O Equador pertence às nações do Sul, que tradicionalmente exportam a matéria-prima em bruto, a qual vai ser transformada em chocolate nos países do Norte, que ficam com a maior parte dos lucros. Segundo a Fairtrade International, no mercado convencional os produtores só recebem cerca de 6% do preço do chocolate pago pelos consumidores. No entanto, o país não quer ser apenas um fornecedor mas também um produtor e exportador de chocolate: já há algumas fábricas, embora não muito grandes, e cooperativas a desenvolver semielaborados como manteiga de cacau, licor e pó para exportação.
Estas realidades quase passam despercebidas à maioria de nós, essencialmente preocupados com o produto final, o chocolate. Em Dezembro de 2017 a Associação dos Industriais de Chocolates e Confeitaria (ACHOC) previa que o consumo per capita em Portugal nesse ano seria de 2 quilogramas, mais meio quilo do que em 2012, e que as vendas ultrapassariam os 200 milhões de euros, crescendo entre 3 a 5% face a 2016.
“Há uma tendência de crescimento sustentado do consumo de chocolate em Portugal”, revelou à agência Lusa o secretário-geral da associação, Manuel Barata Simões. Os portugueses são, ainda assim, dos europeus que menos chocolates consomem: segundo o ranking publicado em 2017 pela revista Forbes, a Suíça é o país mais guloso do mundo, com um consumo per capita de 8,98 quilogramas, seguida da Alemanha (7,89) e da Irlanda (7,39).