“Orgia”, de Pier Paolo Pasolini, celebra Dia Mundial do Teatro no Centro Cultural Vila Flor

“Orgia”, de Pier Paolo Pasolini, celebra   Dia Mundial do Teatro no Centro Cultural Vila Flor

No final de Março, coincidindo com a celebração do Dia Mundial do Teatro e por altura do centenário de Pier Paolo Pasolini, o Centro Cultural Vila Flor recebe a mais recente produção do Teatro Nacional 21. Dirigida por Nuno M Cardoso e interpretada por Albano Jerónimo, Beatriz Batarda e Marina Leonardo, “Orgia” reflecte as inquietações presentes em toda a carreira do cineasta, poeta e escritor italiano Pier Paolo Pasolini, constituindo uma co-produção A Oficina (Guimarães) e Teatro Viriato (Viseu) que será apresentada no Grande Auditório Francisca Abreu nos próximos dias 26 e 27, às 21h30 e 16h00, respectivamente. 

Esta é uma tragédia contemporânea sobre a diversidade e sobre os impulsos obscuros e violentos que movem o ser humano. Mais do que uma peça de teatro, "Orgia" pode ser definido como um poema a várias vozes, ou um oratório laico que exprime, entre lirismo e declaração, os temas preferidos de Pier Paolo Pasolini, onde cabe a crise da sociedade contemporânea, representada através de uma obsessão individual, tal como referido em 1982 pelo crítico de teatro Franco Quadri.  

Em "Orgia", o mistério da fertilidade e os problemas da identidade encontram a obsessão do sexo, objecto de culpa e meio de conhecimento: eis então o delírio de um casal, uma orgia sangrenta de palavras que encontra a sua essência no reconhecimento da diversidade. Não é, no entanto, uma história pornográfica ou erotizada. “Orgia” pertence ao terreno das ideias, que Nuno M Cardoso nos apresenta reunindo em cena Albano Jerónimo, Beatriz Batarda e Marina Leonardo, erigindo este teatro de palavras conjugadas pela carne, “(...) uma tragédia contemporânea sobre a diversidade, a identidade pessoal e a procura por liberdade numa sociedade opressora, controladora e reguladora.”, nas palavras do próprio encenador. 

Num projecto que já está em processo há dois anos, a diversidade volta assim a ser tema central na nova proposta da TN21 – companhia fundada em 2011 pela mão de Albano Jerónimo e Cláudia Lucas Chéu –, com um olhar sobre a diferença, enquanto singularidade, uma diferença em contexto dos anos 60, num texto de Pier Paolo Pasolini, que aponta a palavra e a poesia como resposta contra a massificação da cultura de massas. Um texto dramático pela sua poesia, com a tragédia grega e o teatro da palavra a assumir protagonismo como contraponto à sociedade da imagem. Um suicídio como homicídio social, num convite ao público para reflectir, um desafio para pensar a dualidade entre o ero, nos seus níveis do corpo, do coração e do sagrado, e o tânatos na sua dimensão de morte.  

Com texto de Pier Paolo Pasolini (no ano em que por coincidência se assinala o seu centenário), direcção de Nuno M Cardoso e interpretação de Albano Jerónimo, Beatriz Batarda e Marina Leonardo, “Orgia” é uma co-produção A Oficina (Guimarães) e Teatro Viriato (Viseu), acontecendo a sua estreia a 18 de Março neste último espaço referido.