O Movimento das Coisas, "tesouro escondido" do cinema português estreia na Filmin

O Movimento das Coisas, "tesouro escondido" do cinema português estreia na Filmin
Fotografia: D.R.

A Filmin estreia a 13 de Setembro, o filme perdido, O Movimento das Coisas, o primeiro e único filme de Manuela Serra, apresentado na sua versão restaurada. Um documentário poético sobre o quotidiano de uma comunidade rural. 

O Movimento das Coisas aguardou 36 anos até ter a sua estreia no circuito comercial, em 2021.

Em 1979, Manuela Serra partiu para a rodagem da sua primeira e única obra enquanto realizadora, porém a sua conclusão só foi possível cerca de seis anos mais tarde, em 1985. Exibido inicialmente no Festival de Mannheim, onde foi agraciado com o prestigioso prémio FilmduKaten, o filme nunca encontrou o seu caminho para uma distribuição comercial apesar dos notáveis reconhecimentos.

Nova versão restaurada 4K a partir do negativo de câmara em 16mm, conservado pela Cinemateca Portuguesa. 

Histórias do quotidiano de silêncio. Em caminhos desertos de vento inquietante, numa aldeia do Norte. Há um dia de trabalho atravessado por três famílias: quatro velhas, o campo, o pão, as galinhas e, a lembrar-nos, clareiras de histórias velhíssimas de gestos saboreados em mineralógicas palavras. Uma família de dez filhos numa quinta mergulha na largueza do tempo, no gesto todo do trabalho, o pai corta uma árvore. Mais longe, a água do rio habitado por gente, numa barca, o sol, e o largo da aldeia, aponte em construção, a varanda, a refeição, a densidade e o misticismo ao domingo, a missa e a feira: ritualizada ao sábado. É um respirar a vida, usando o campo como o meio numa aldeia do Norte, de gestos antiquíssimos e pousados. É uma paragem sobre a vida através de: coisas e a sua deslocação no tempo; valores; silêncios.