Mais de cem curtas em estreia no FEST
A ficção, o documentário, a animação e o cinema experimental não-narrativo voltam a assumir todo o destaque da competição internacional de curtas do FEST - Novos Realizadores | Novo Cinema. A ter lugar entre os dias 2 e 6 de Agosto em Espinho, o festival apresentará 70 curtas metragens nas duas principais competições, Lince de Prata e Grande Prémio Nacional. A destacar as estreias em Portugal, os multipremiados Postcards From The End of The World, Virago,Excess Will Save Us e Acid Rain, filmes que prometem provocar muito debate na edição deste ano.
Konstantinos Antonopoulos estava longe de imaginar que a sua curta sobre o apocalipse viria a ser descrita como actual ou familiar. Postcards From The End of The World ganhou o prémio para melhor comédia no festival de Aspen no início da pandemia e, desde então, tem vindo a suscitar a atenção e louvor de espectadores em todo o mundo. A curta, que se estreia no FEST, conta a história de um casal que se encontra de férias numa ilha grega com os filhos quando a civilização humana colapsa. Baseada em factos reais e rodada nas áreas mais rurais da Estónia, Virago, de Kirli Kirch Schneider, cruza a realidade com o mito levando-nos pela história de uma aldeia onde nenhum homem consegue passar a barreira dos 40 anos. Nos limites entre o humor e a tragédia encontramos também Excess Will Save Us, um documentário de Morgane Dziurla-Petit sobre Villereau, a pequena vila onde cresceu e que, um dia, se achou vítima de um ataque de terrorista. Uma tragicomédia sobre a paranóia e os julgamentos que fazemos uns aos outros. Acid Rain, de Tomek Popakul, é indiscutivelmente uma das mais faladas curtas de 2019. Lançada online durante uma janela temporal muito limitada, esta ficção animada reserva-nos um muito particular olhar sobre a cultura rave. De retina bem aberta, o espectador é convidado a seguir a viagem do protagonista rumo a lugar nenhum, numa das mais distintivas história de coming of age dos últimos meses.
Na lista de filmes seleccionados destaque ainda para The Golden Buttons, um olhar sobre a militarização dos jovens russos estreada no Vision du Réel deste ano, La Laguna Negra, uma viagem pela espiritualidade peruana estreado em Roterdão ou The Vibrant Village, que acompanha o dia-a-dia de homens e mulheres numa pequena vila da Hungria, questionando a nossa percepção sobre a indústria do sexo e estreado no Festival de Documentário de Sheffield.
O cinema português mantém a sua posição de destaque no programa do FEST com uma série de obras de novas figuras da cena nacional. Na principal competição dedicada ao cinema português no festival, destaque para o regresso de António Sequeira, vencedor do GPN do ano passado, com As Cartas da Minha Mãe, de Miguel De com The Kiss, de João Monteiro com Principe. Nota especial ainda para um conjunto de obras que concorrem, em simultâneo, para a competição internacional, Erva Daninha de Guilherme Daniel, (In)dividual de Beatriz Bagulho e When the Light Goes Out de Tânia Prates.
Comprometido com o apoio à criação de oportunidades para novos realizadores, o FEST volta a integrar a competição NEXXT, secção dedicada a mostrar alguns dos melhores trabalhos produzidos em escolas de cinema de vários pontos do planeta, oferecendo uma oportunidade rara de conhecer as novas tendências do cinema mundial. O programa deste ano incluiu trabalho de escolas conceituadas como são os casos da FAMU, Wien Film Akademie, DFFB, entre outras.
Anunciados para o FEST estavam já as dez longas em competição, os programas especiais para o cinema drive-in e os foco na obra do realizador Quentin Dupieux e na cinematografia letã. O festival regressa em agosto contando, pela primeira desde o seu arranque, com edições simultâneas em Espinho, Lisboa e Porto. A programação total será anunciada nas próximas semanas.