Foco na obra da feminista Delphine Seyrig na Festa do Cinema Francês 2020

Foco na obra da feminista Delphine Seyrig na Festa do Cinema Francês 2020
A Festa do Cinema Francês está de volta em Outubro. A edição 2020 do festival passa por quatro cidades portuguesas: Lisboa (8 a 21 de Outubro), Porto (29 Outubro a 4 Novembro), Coimbra (21 a 24 de Outubro) e Almada (14 a 18 de Outubro). O festival volta a levar às salas algumas das mais interessantes novidades da cinematografia de França, assim como obras incontornáveis da história do cinema mundial. O grande destaque deste ano será feito na obra da actriz, realizadora e activista Delphine Seyrig, em co-programação com a Cinemateca Portuguesa. A par da programação em sala a 21ª edição da Festa do Cinema Francês contará com uma extensão online, exibindo alguns dos filmes seleccionados em plataforma VoD.
 
Ícone cinematográfico por mais de 40 anos, Delphine Seyrig conquistou o apreço de público e crítica de especialidade pela forma cerebral com que atacava as suas performances em palco e no ecrã, a sua defesa incontestável dos direitos das mulheres e as colaborações ousadas com cineastas independentes em produções que, hoje, são colocadas no patamar de clássicos. O cenário é mais do que conhecido: a França da década de 1960, altura de efervescência cinematográfica. Atrás das câmaras, nomes como Jean Luc-Godard, François Truffaut e Alain Resnais revolucionavam a forma como se construía a narrativa do cinema contemporâneo, na sua frente nomes como Anna Karina e Delphine Seyrig assumiam-se como as musas de uma nouvelle vague.
 
Actriz com uma impressionante palete de recursos e elegância poderosa, Delphine Seyrig trabalhou de dentro para fora, criando meticulosas e poderosas personagens femininas. Destaquem-se as definidoras performances em Muriel ou le temps d’un retour de Alain Resnais (1963), as colaborações com Joseph Losey (A Doll’s House), François Truffaut (Baisers volés) ou Stanislav Stanojevic (Le Journal d’un suicidé) e o trabalho seminal com realizadoras como Marguerite Duras (La Musica) e Chantal Akerman (Jeanne Dielman, 23, quai du commerce, 1080 Bruxelles).
 
Consistente na sua escolha de papéis, a vida e obra de Seyrig é indissociável do seu activismo político e dos filmes que daí resultaram. Em nome próprio, realizou inúmeras obras que são o testemunho para uma geração de mulheres que se movia, no terreno, na luta pela igualdade de género. Seja na reinterpretação do Manifesto S.C.U.M. de Valerie Solanas (S.C.U.M. Manifesto 1967), ou Maso et miso vont en bateau - onde ataca um programa francês que criticou o ano da mulher em França - o seu trabalho como realizadora é intransigentemente radical e, por isso mesmo, uma voz vital e visionária na cultura da época.
 
A retrospectiva que lhe dedica a Festa do Cinema Francês, em parceria com a Cinemateca Portuguesa, percorre o curso essencial da sua carreira como actriz e cineasta, incluindo o filme realizado com Carole Roussopoulos e Ioana Wieder, Les trois portugaises, sobre Isabel Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa.
 
A programação completa assim como os detalhes sobre bilhetes e horários do festival serão anunciados nas próximas semanas. Mais informações no site do evento.
 
A Festa do Cinema Francês é organizada pela produtora Jangada, apoiada pela Embaixada de França e o Institut français du Portugal, em parceria com a rede das Alliances Françaises em Portugal.