Depois da Chuva é a mais recente criação do Teatro e Marionetas de Mandrágora

Depois da Chuva é a mais recente criação do Teatro e Marionetas de Mandrágora
Fotografia: Pedro Sardinha

Numa terra diferente, mas ainda assim igual a muitas outras, as pessoas estavam sempre a olhar para cima. Poderíamos pensar que gostavam de admirar as nuvens ou as estrelas, que gostavam de ver os pássaros ou mesmo a chuva a cair. Mas existia outra razão bem mais forte: o medo que o céu lhes caísse em cima!...

Depois da Chuva, a mais recente criação do Teatro e Marionetas de Mandrágora, que marca o arranque de 2023, é uma reflexão sobre o que leva o homem a transitar entre territórios, a passar fronteiras, questionando os impulsos, as experiências e os destinos em causa. Uma análise poético-simbólica sobre as migrações dos nossos tempos, para chegar às razões que levam o homem a entregar-se ao processo de transformação interior, social e familiar implícito... O que se vê e se sente quando se é forçado a deslocar para um local incerto? Como se lida com a incerteza? E quando já não há esperança? Este é o exercício que os Mandrágora convidam o público a fazer consigo.

A criação de Clara Ribeiro, com música original de Hélder David Duarte, leva-nos numa viagem que parece não ter fim. Onde a guerra é um jogo de xadrez. E o guarda nos faz rir... Depois da Chuva explora as figuras, as sombras e as marionetas, numa simbiose com o actor e a música cénica. É um espectáculo sem palavras, ou antes, numa língua inventada, numa linguagem universal, para que a mensagem chegue a todos os homens, a todos os lugares, a todas as etnias: ... afinal, somos todos humanos!

Mais um ano na estrada

A apresentação de 28 de Janeiro marca também o lançamento da programação anual da companhia para 2023, que conta com o apoio estrutural da Direção-Geral das Artes, da Câmara Municipal de Espinho e da Câmara Municipal de Gondomar, num raio de acção que se estende a todo o país, com especial atenção à zona norte. O Teatro e Marionetas de Mandrágora é uma companhia profissional, com direcção artística de Clara Ribeiro e Filipa Mesquita e direcção plástica de EnVide Nefelibata, fundada em 2002.

Os Mandrágora prometem para este ano três estreias: duas criações da companhia são apresentadas em Vila do Conde, explorando a origem do medo e a descodificação da solidão, e um espectáculo comunitário sobre os invisíveis da sociedade – os idosos e os sem abrigo — é apresentado na Maia. A 9.ª edição do festival internacional Ei! Marionetas decorre na primeira quinzena de Julho, trazendo vários espectáculos e companhias portuguesas e estrangeiras a Gondomar, onde também decorre a performance e intervenção artística Vestir a Primavera. De referir ainda as exposições permanentes no Fórum de Arte e Cultura de Espinho e as acções de formação na Casa Educativa da Marioneta em Gondomar. Ainda as parcerias, como a que está a decorrer com as Comédias do Minho, em Paredes de Coura, um projecto no âmbito da acção do Serviço Educativo. O ano termina com a apresentação de um documentário sobre os 20 anos assinalados em 2022 pelo Teatro e Marionetas de Mandrágora.

A companhia distingue-se pelos trabalhos que reflectem uma análise sobre os padrões culturais da sociedade, sendo valorizado o estudo das questões de identidade e cultura. Os Mandrágora apostam na afirmação do teatro de marionetas enquanto espaço privilegiado de diálogo e criação colectiva, sobretudo a partir das práticas artísticas comunitárias.

DEPOIS DA CHUVA

Teatro e Marionetas de Mandrágora

SÁB. 28 JAN, 16:00

Auditório Municipal de Gondomar