"As canções que cantamos contra os muros que limpamos"

"As canções que cantamos contra os muros que limpamos"
Fotografia: D.R.

Projeto de criação de cruzamento disciplinar (música e dança) com a comunidade, “As canções que cantamos contra os muros que limpamos” é revelado num percurso com partida na Casa da Memória de Guimarães (CDMG) para as ruas da cidade nos dias 28 (sexta) e 29 (sábado) de outubro, às 19h e às 16h, respetivamente. Do trabalho desenvolvido numa oficina de voz e movimento com 12 mulheres da comunidade de Guimarães, coautoras da performance, resulta uma caminhada pelas ruas de Guimarães, onde um grupo mulheres ativa a paisagem como uma caixa de ressonância: corpo a corpo, da parede para a voz, da memória para o gesto, do gesto para o desejo de futuro.

Proposta de programação da Educação e Mediação Cultural d’A Oficina, "As canções que cantamos contra os muros que limpamos" é uma criação para o espaço público, com direção artística de Catarina Vieira, em torno da figura de um coro de mulheres, inspirado na prática de grupos corais que se juntam para cantar músicas de protesto.

Uma parte importante deste projeto é o envolvimento da comunidade na criação do espetáculo, cuja apresentação acontece após a realização de uma residência artística, com uma oficina de voz e movimento com participação gratuita, dirigida a 12 mulheres da comunidade de Guimarães, que integram e são coautoras do material criado. Nesta oficina, que decorre desde o dia 20 e se prolonga até 28 de outubro, é trabalhada a relação entre corpo, voz e vulnerabilidade, através de práticas de movimento, de canto e de escrita, das palavras silenciadas, transformando-as em canções, em gesto. “Interessa-nos trabalhar exclusivamente com pessoas que se identifiquem com o género feminino, porque estas vozes têm séculos de silenciamento.” (Catarina Vieira)

“Interessa-nos a relação entre voz, corpo e fragilidade. O que é uma voz vulnerável? Pode a vulnerabilidade contaminar?”, incita a criadora. “Se, como disse a Audre Lorde, “your silence will not protect you”, então talvez seja melhor cantar. Desafiar a imposição desse silêncio juntas, com canções vindas de uma necessidade urgente de nomear o que nos incomoda, o que nos move.”, acrescenta. 

Este gesto artístico feminista pretende criar um espaço coletivo de escuta e de sintonização, de encontro para as vozes, emoções e biografias de cada mulher que aqui se apresenta. “Que repertório de canções traz cada uma? Canções de esconjuro, de reclamação, de ira, de transformação. Qual é o repertório coletivo que o nosso encontro pode gerar? Que palavras podemos criar juntas? Que melodias se inscrevem nas diferentes partes do nosso corpo? Como podemos movê-las para que comecem finalmente a falar e a cantar? As melodias que se pegam ao ouvido e que vão tecendo as redes invisíveis que precisamos de construir.” (Catarina Vieira)

De todo este combustível criativo surge esta criação para o espaço público que explora o potencial estético e político em torno da figura do coro – um coletivo de vozes que negoceiam o seu anonimato e singularidade no esforço de suster juntas uma harmonia efémera. O ponto de encontro para o início das performances de 28 e 29 de outubro é a Casa da Memória, de onde partirão dois grupos, caminhando pela cidade.

Os bilhetes para assistir ao resultado final desta criação coletiva têm o custo de 2 euros e podem ser adquiridos em oficina.bol.pt ou presencialmente nas bilheteiras de espaços geridos pel’A Oficina como o Centro Cultural Vila Flor, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães, a Casa da Memória de Guimarães ou a Loja Oficina, bem como nas Lojas Fnac, El Corte Inglés e Worten.