“A Sintra do Alentejo”

“A Sintra do Alentejo”
Fotografia: Câmara Municipal de Castelo de Vide

Vide. Assim se chamava a vila onde entramos agora. Há quem a conheça por “Sintra do Alentejo”, pelos jardins, abundante vegetação, clima ameno e proximidade à serra de São Mamede. Não se sabe ao certo quando foi conquistada aos mouros. Em 1273, o rei entregou Vide ao filho D. Afonso Sanches, igualmente senhor de Portalegre e Marvão, e terá sido a partir dessa data que começou a ser construído o castelo.

Os anos seguintes foram de tensão: o novo rei, D. Dinis, tentou por diversas vezes retirar a vila ao seu meio-irmão. O infante contestou o direito do monarca a ocupar o trono e iniciou a fortificação da localidade, um claro sinal da importância estratégica de Vide e da sua superioridade militar em relação às vizinhas Marvão e Portalegre. A contenda só acabaria em finais do século, quando D. Dinis se apoderou da vila, e a partir de então terá começado a segunda fase das obras no castelo, que deu a esta terra o actual nome.

As defesas foram reforçadas durante as Guerras da Restauração, no século XVII. A praça passou a ter uma guarnição de 600 homens e três companhias de cavalaria, o que revela a sua importância. Possuía dois fortes, o do castelo e o de São Roque, de planta estrelada, amplos baluartes e desníveis de terrenos, interligados por uma extensa linha de muralhas que circundava a vila, a qual havia crescido muito desde o primitivo núcleo medieval. A fortaleza só foi desactivada após 1823, permanecendo desde então como um importante testemunho das muitas batalhas entre portugueses e espanhóis ao longo da História.

Castelo de Vide é uma vila de guerra e heróis. O mais conhecido é Salgueiro Maia, o famoso “capitão de Abril”. “Há diversas modalidades de Estado: os estados socialistas, os estados corporativos e o estado a que isto chegou! Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegamos. De maneira que quem quiser, vem comigo para Lisboa e acabamos com isto. Quem é voluntário sai e forma. Quem não quiser vir não é obrigado e fica aqui”. Ao ouvirem estas palavras, 240 homens partiram para Lisboa e marcharam sobre a ditadura, naquele ano de 1974.