Primeiro laboratório de poluição luminosa na Madeira pretende ajudar a salvar aves marinhas

Primeiro laboratório de poluição luminosa na Madeira pretende ajudar a salvar aves marinhas
Fotografia de Cátia Gouveia

A ilha da Madeira alberga, desde a semana passada, o seu primeiro laboratório de poluição luminosa, o terceiro implementado no âmbito do projecto INTERREG MAC Energy Efficiency Laboratories (EELabs).

Astrónomos do Instituto de Astrofísica de Canárias e técnicos da SPEA instalaram os primeiros fotómetros na zona Este da ilha da Madeira, cujos dados recolhidos, juntamente com o seguimento GPS de adultos de cagarra, vão permitir identificar as áreas mais problemáticas para as aves marinhas em relação à poluição luminosa na ilha, permitindo priorizar locais que necessitem de alterações na iluminação.

Este projecto, que decorre na Madeira, Açores e Canárias, assenta no desenvolvimento e instalação de uma rede de fotómetros autónomos – pequenos aparelhos que vão mapear a poluição luminosa e medir o impacto da luz artificial nocturna sobre a biodiversidade. Serão instalados trinta equipamentos na zona Este da Madeira, que se juntarão a mais de uma centena, já implementados nas ilhas de Gran Canaria, Tenerife e Corvo.

As aves marinhas, devido aos seus olhos sensíveis, ficam desorientadas e são vítimas de encadeamento ao saírem dos seus ninhos. Isso pode fazer com que colidam com infraestruturas, sejam atropeladas, se tornem presas de cães e gatos ou até morram de desidratação. Por esta razão, a SPEA relembra a importância da adopção de iluminação pública adequada, levando em consideração a eficiência energética, mas também o impacto na biodiversidade.

A cagarra faz o ninho em cavidades naturais, como fendas nas rochas ou sob amontoados de pedras, ou podem ser escavados no solo. Põem apenas um ovo, e ambos os progenitores cuidam da cria, fazendo muitas vezes longas viagens pelo mar, em busca de alimento. Apesar de viver mais de 30 anos, o facto de pôr apenas um ovo e de levarem tanto tempo a atingir a idade reprodutora faz com que a espécie seja muito vulnerável a ameaças como a predação por espécies invasoras, as capturas acidentais na pesca, a perda de habitat, caça ilegal e, claro, a poluição luminosa.

Este é o terceiro projecto na região dedicado exclusivamente à avaliação da poluição luminosa.