Mistifório é primeira exposição do ciclo Território

Mistifório é primeira exposição do ciclo Território
Fotografia: Brincar de Campina, Vespeira, 1983

O ciclo Território marca o início da quarta colaboração entre a Fidelidade Arte e a Culturgest. Trata-se de um ciclo de nove exposições que, à imagem do ciclo anterior, Reação em Cadeia (realizado entre 2019 e 2022), se apresentam primeiramente nos espaços da Fidelidade Arte, no Chiado, em Lisboa, acontecendo depois na Culturgest Porto.

Este novo projeto traz, contudo, algumas novidades relativamente às colaborações anteriores. Ao invés de exposições individuais comissariadas por um único curador, este programa traz aos públicos de Lisboa e Porto nove exposições coletivas, cada uma das quais concebida por um curador português convidado.

A primeira exposição é Mistifório, com curadoria de Natxo Checa, que terá lugar de 21 de novembro a 20 de janeiro, com inauguração, a 18 de novembro, às 22:00, na Fidelidade Arte, em Lisboa (de segunda a sexta, das 11:00 às 19h:00), e de 11 de fevereiro a 14 de maio (de quarta a domingo, das 13:00 às 18:00), na Culturgest Porto. Ambas com entrada gratuita. 

A exposição inclui obras, algumas delas inéditas, de José de Almada Negreiros, Anne Lefebvre, Ernesto Melo e Castro, Maria José Aguiar, Gonçalo Pena, Alexandre Estrela, Ana Hatherly, Mattia Denisse, António Areal, Pancho Guedes, Vespeira, Mané Pacheco, Malangatana, Salette Tavares, Fernando Calhau, entre outros, e uma seleção de esculturas tradicionais, artefactos, mapas e minerais africanos, asiáticos e americanos.

Mistifório pretende apresentar uma miscelânea, um sortido, um fórum misto de coisas díspares e estabelecer ligações quânticas entre elas. Mistifório é o inverso dos gabinetes de curiosidades do século XVI. O seu intuito é contrariar a vocação daqueles espaços para estabelecerem uma compreensão científica do mundo através da organização categórica dos objetos que albergavam.

Como menciona o curador no texto de introdução: "Poderá uma obra de Almada Negreiros conviver com um almanaque Batak inscrito sobre uma costeleta de bovino? Terá algum sentido projetar o filme Música Negativa de Ernesto M. de Melo e Castro por cima de estatuária aborígene? Será que a coexistência de coisas aparentemente desconexas altera a aura de ambas as partes, o todo, a soma, a ordem mundial? Ou, pelo contrário, contribui para uma outra cosmovisão, remexendo os relógios intestinais dos visitantes?".

Nesta temporada, que inclui três exposições - entre novembro de 2023 e janeiro de 2024 - os curadores de cada exposição do ciclo Território são: Natxo Checa, Ana Anacleto e David Revés. Estes curadores foram desafiados a conceber exposições que incluam peças que não provenham obrigatoriamente do campo da arte contemporânea. Pretende-se, deste modo, estimular uma conversa entre objetos provenientes de lugares, idades e contextos distintos, cujo encontro permita mapear os campos de interesse dos curadores convidados e partilhar a singularidade de cada um dos seus territórios.

O foco estará colocado nos interesses destes curadores no campo da arte, mas também no campo mais lato da cultura material, procurando deixar um testemunho dos seus territórios de investigação particulares através da convivência de peças de diferentes origens, idades e estatutos.