Encenado por Albano Jerónimo, “Orlando” estreia em Guimarães

Encenado por Albano Jerónimo, “Orlando” estreia em Guimarães

"Orlando”, a mais recente produção do Teatro Nacional 21, com encenação de Albano Jerónimo e escrito por Cláudia Lucas Chéu a partir de “Orlando” de Virginia Woolf, inspirado ainda em vários acontecimentos de discriminação contra a comunidade LGBTQIA+, nomeadamente o atentado na cidade de Orlando (EUA), estreia no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, no próximo dia 4 de Dezembro, às 19h30. 

A transexualidade e as questões de género ainda incomodam muita gente. E como seria há um século? Supomos que seria um não-tema, por ser literalmente abafado. Todavia, em plena década de 1920, a temática pareceu relevante a Virginia Woolf. Com uma atitude muito à frente do seu tempo, típica dos génios, escreveu “Orlando” – uma biografia fictícia onde aborda estas questões de forma subtil e irónica.

Em “Orlando”, conta-se a história de um inglês nobre que passa por inúmeras experiências de vida. Quando completa 30 anos, acorda com o corpo de uma mulher. O que surpreende não é a simples transição de sexo, mas a forma como Woolf narra essa mudança. Ao contar a transformação de Orlando, o texto faz uso de uma ironia propositadamente exagerada com o objectivo de chegar ao seu contrário – à verdade e à franqueza. O que fica claro, e inequivocamente evidente, é que não existe imutavelmente homem ou mulher. A transformação é possível porque o fundamental é a liberdade da pessoa – do espírito e da inteligência. Um homem e uma mulher não têm de ser prisioneiros de um género pré-definido. Nem ser julgados e/ou postos como alvos do ódio, apenas por reclamarem liberdade sobre o seu próprio corpo. 

Na noite de 12 de Junho de 2016, o norte-americano de origem afegã Omar Mateen, de 29 anos, entrou armado na discoteca “Pulse” em Orlando, no centro da Florida, e disparou contra os presentes. As vítimas participavam numa “Noite Latina” organizada pela discoteca, frequentada por homossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais. O ataque foi considerado o pior, com arma de fogo, na História recente dos Estados Unidos da América. 

Com este espectáculo, a companhia Teatro Nacional 21 pretende misturar as duas narrativas – a literária de Virginia Woolf e a documental do massacre em Orlando – criando duas travessias que se cruzam. Cláudia Lucas Chéu assina o texto e Albano Jerónimo assume a encenação do espectáculo que contará com as interpretações de André Tecedeiro, Aurora Pinho, Cláudia Lucas Chéu, Diego Bragà, Eduardo Madeira, Luís Puto, Madalena Massano, Maria Ladeira, Pedro Lacerda, Rita Loureiro e Solange Freitas.