É um oceano, não é uma poça de onde se bebe uma vez

É um oceano, não é uma poça de onde se bebe uma vez

É um oceano, não é uma poça de onde se bebe uma vez* é um arquivo online em constante actualização, que tem como objectivo divulgar e reflectir sobre a produção criativa de artistas portuguesas: mulheres transgénero e cisgénero, mas também pessoas não-binárias, e intersexo. Pretende-se estimular a presença e visibilidade das obras e artistas dentro do contexto da arte nacional e internacional, tentando reduzir a injustiça existente no que diz respeito a questões de paridade de género, raça, e classe.
Coordenada pela curadora Susana Pomba, esta plataforma oceânica surge como consequência de um estudo de bases de dados biográficas internacionais de mulheres artistas, os seus efeitos e consequências, feito durante uma residência em Washington DC, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, em 2019. A identidade visual foi desenhada por Mariana Veloso, o Webdesign é de Sara Orsi, e a comunicação é de Rita Tomás.    
São quatro as áreas deste arquivo vivo: índex de ARTISTAS; índex de OBRAS; a revista BOLETIM, de actualidades e pensamento; e a área TEMPORAL de projectos curatoriais e de pesquisa. Neste arquivo as obras das artistas são tão visíveis como os seus dados biográficos, e os textos biográficos vão para além dos factos da sua vida. Todas estas áreas serão actualizadas a bom ritmo.  
As balizas temporais são abrangentes (extravasando séculos), e as artistas presentes, ou são portuguesas ou a viver em Portugal há um período significativo de tempo (anos), mostrando o seu trabalho de forma pública em espaços expositivos institucionais, comerciais, e/ou sem fins lucrativos.
É um Oceano* será uma ferramenta útil para qualquer pessoa, quem vê, quem pensa, quem estuda, quem se cultiva, quem quer estimular a cultura portuguesa. É um arquivo “vivo”, porque terá actualização regular, tanto no que diz respeito a novas entradas de artistas e obras (pelo menos mais 30 artistas até ao fim de 2022), tanto no que diz respeito ao Boletim, revista actualizada de forma diária.  
O título* pretende englobar ideias de visibilidade, representação, igualdade, e paridade de género, raça e classe no meio da arte portuguesa. Nas principais escolas de arte do nosso país, a maioria das estudantes são do sexo feminino (cerca de 70%), por que razão este facto não se manifesta nas colecções de arte contemporânea estatais e privadas, nas listas de artistas das galerias, nas exposições feitas pelo país? A criação feita por artistas mulheres é infinita e prolífica, e não podemos prestar-lhe atenção apenas uma ou outra vez – não é uma excepção, é um infindável mundo criativo ao qual não se dá a devia atenção, e muitas vezes nem possibilidades mínimas de crescimento e sobrevivência. É um Oceano quer de forma consistente solidificar mudança e instaurar uma maior paridade a longo prazo.