Cidades: que futuro?
Portugal foi desde sempre um país rico em cultura. Com quase 900 anos, é uma das nações mais antigas do mundo e por isso tem um património de grande importância, especialmente o edificado. Os castelos, as torres de defesa, as igrejas ou as fortalezas são alguns desses bens intima
mente ligados aos primórdios da nacionalidade. Mas por essa altura já havia um vasto património deixado por outros povos, como os romanos ou os muçulmanos, e, antes deles, pelos homens da Pré-História. Esse legado está distribuído um pouco por todo o país, mas é sobretudo nas cidades e vilas que o descobrimos. Algumas são verdadeiros livros de história prontos a serem folhea-os por quem se passeia pelas suas ruas. Porto, Évora, Guimarães e Angra do Heroísmo destacam-se neste capítulo, graças aos respectivos centros históricos, todos eles património da humanidade. No entanto, há muitas outras cidades com um legado invejável, como é o caso de Braga, que foi uma importante civita do império romano, Lisboa, grande metrópole europeia no século XVI, ou mesmo Viseu, cuja Cava de Viriato, o monumento mais conhecido da cidade beirã, continua a ser um fascinante enigma para os historiadores, só para dar alguns exemplos.
O património cultural das cidades portuguesas é reconhecido internacionalmente, como provam os títulos de Capital Europeia da Cultura já atribuídos a Lisboa (1994), Porto (2001) e Guimarães (2012). Trata-se de uma distinção que tem em conta o passado mas também o futuro, pois cada cidade escolhida deve promover o desenvolvimento cultural sustentável e afirmar-se continuamente como uma verdadeira capital deste sector.
A cidade onde nasceu Portugal ganhou uma Plataforma das Artes e da Criatividade, obra grandiosa e de dimensão ecléctica que envolveu ainda a requalificação do antigo Mercado de Guimarães, o qual passou a ter uma incubadora de actividades artísticas para jovens criadores. Outro dos espaços recuperados foi a antiga fábrica têxtil Asa, transformada num Laboratório de Curadoria, fazendo jus ao espírito da Capital Europeia da Cultura 2012: “dar outra vida”.
Também o Largo do Toural, a praça mais conhecida de Guimarães, foi renovado: passou a ter menos automóveis e mais pessoas, e a sua escala foi al- terada, tornando-se mais adequada àquela fachada pombalina. Ali perto, na zona de Couros, nasceu o Instituto do Design, nas antigas fábricas de curtumes – onde outrora se laborava o couro, hoje há designers, empresas e investigadores a trabalhar em conjunto. Portugal vai ter uma nova Capital Europeia da Cultura em 2027, conforme aprovou o Parlamento Europeu em Junho do ano passado. Guarda, Braga, Évora, Faro e Coimbra são algumas das cidades que já apresentaram a candidatura, tendo até 2021 para trabalhar a mesma. Será a quarta vez que o país acolhe um dos eventos europeus com maior impacto cultural.
No entanto, nem só de cultura se faz a vida nas cidades. O desporto e o exercício físico são cada vez mais entendidos como elementos intrínsecos da vida citadina, e muitos são os municípios a quererem dar o exemplo nesta área, apostando em políticas de promoção da actividade física, como a construção de vias pedonais e ciclovias ou parques desportivos, e a organização de corridas, passeios e outros eventos.