“As palavras de Saramago continuam vivas”

“As palavras de Saramago continuam vivas”
Fotografia: Fundação José Saramago

“Os documentos não são meus, estão à guarda da Biblioteca Nacional e pertencem a todos”. As palavras são de José Saramago e constam de uma troca de correspondência com a diretora da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), instituição que desde dezembro guarda o espólio do escritor, Prémio Nobel da Literatura em 1998.

Desde então que o público pode consultar, sem autorização prévia, manuscritos e datilografados, romances, correspondência com amigos e outros escritores, cadernos de notas preparatórias para livros, entre outros materiais.

A doação do espólio de Saramago marcou o final do último ano, mas é apenas uma das muitas iniciativas que estão continuamente a “atualizar” a sua escrita. À Fundação José Saramago (FJS) não param de chegar pedidos para adaptações teatrais. Recentemente foi publicada em castelhano, pela primeira vez, a obra completa de teatro, e em Portugal apareceu nas livrarias uma nova edição de Viagem a Portugal. Antes, em setembro, A Viagem do Elefante chegou à Macedónia.

Para o diretor da FJS, Sérgio Machado Letria, passados quase 20 anos da atribuição do Nobel, a obra de José Saramago “responde por si, continuando a ser lida em Portugal e no mundo”. Para além do campo literário, o responsável diz que “existe uma cada vez maior perceção da importância do pensamento político e social de José Saramago, confirmada pela quantidade de citações que são utilizadas em textos jornalísticos de análise política”.

“Este ponto, que também registamos com muita satisfação, vem ao encontro de uma ideia que defendo, a de que a figura do José Saramago, para além de continuar a ser vista como a de um enorme escritor, passará, com o tempo, a juntar-se à do grande pensador”, sublinha Sérgio Machado Letria, para quem as palavras do Nobel da Literatura “continuam vivas” e “assim continuarão durante muitos anos”.

Em 2017 a Fundação José Saramago vai celebrar dez anos de vida com um conjunto de iniciativas ainda por conhecer mas que já se sabe que vão tocar em outros autores e áreas como os direitos humanos e o ambiente, que também constam da Declaração de Princípios da FJS.