Sete Lágrimas apresentam “Lyvro da Ilha de Mactan”
O ano começa, no Museu do Oriente, com um concerto dedicado a Fernão de Magalhães, à sua aventura e desventura e a todos os Natais do mundo, num espectáculo do grupo Sete Lágrimas, que se realiza no dia 2 de Janeiro, às 17.00.
Comemoram-se os 500 anos da partida de Fernão de Magalhães (1480-1521) para a primeira viagem de circum-navegação ao globo (1519-1522). A armada fez escala nas ilhas Canárias, tendo alcançado a costa da América do Sul e chegado ao Rio de Janeiro no final do ano. Após muitas desventuras, atravessou a extremidade da actual costa da Argentina, mais tarde baptizada de Estreito de Magalhães. Entrou nas águas do Mar do Sul, denominando este oceano como Pacífico, por contraste às dificuldades encontradas no Estreito. A viagem prosseguiu sempre com grande dificuldade.
Olhou para o céu e foi o primeiro europeu a identificar duas galáxias satélite anãs irregulares da nossa galáxia, visíveis a olho nu apenas no hemisfério Sul e mais tarde chamadas de “Nuvens de Magalhães”. Em 1521, alcançaram a Ilha dos Ladrões (a partir de 1668 chamadas de Ilhas Marianas) e mais tarde a Ilha de Cebu. Magalhães morreu em batalha na Ilha de Mactan, nas Filipinas, em 1521, às mãos de Lapu-Lapu (1491-1542), governador da ilha. O espectáculo “Lyvro da Ilha de Mactan” pretende assim mostrar a outra vertente da viagem, como se Magalhães tivesse seguido outros caminhos, inspirado noutra ciência ou instinto, e onde fosse sempre Natal.
Fundado em Lisboa, em 1999, por Filipe Faria e Sérgio Peixoto, Sete Lágrimas assume o nome da inovadora colecção de danças do compositor renascentista John Dowland (1563-1626) publicadas por John Windet em 1604 quando o compositor era alaudista de Cristiano IV da Dinamarca (1577-1648). Profundamente dedicados aos diálogos da Música Antiga com a contemporaneidade, bem como da música erudita com as tradições seculares, Sete Lágrimas junta músicos de diferentes horizontes musicais em torno de projectos conceptuais animados, tanto por profundas investigações musicológicas, como por processos de inovação, irreverência e criatividade em torno dos sons, instrumentário e memórias da Música Antiga.
Nestes projectos são identificáveis os diálogos entre a música erudita e a popular, entre a Música Antiga e a contemporânea e entre a secular diáspora portuguesa dos Descobrimentos e o eixo latino mediterrânico, convertidos em som através da fiel interpretação dos cânones performativos da Música Antiga como de uma aproximação a elementos definidores da música tradicional ou do jazz.