Festival Que Jazz É Este? regressa a Viseu de 20 a 23 de Julho

Festival Que Jazz É Este? regressa a Viseu de 20 a 23 de Julho
Fotografia: Raquel Lains

Excelente música para ver, ouvir e fazer parte: motivos não faltam para mergulhar na 11ª edição do festival Que Jazz É Este?

11 anos, 11 edições, o festival Que Jazz É Este? já quase dispensa apresentações.

É à cidade de Viseu que o festival regressa de 20 a 23 de Julho com 9 concertos para público em geral, 4 concertos em formato ambulante na rua, 3 concertos ao domicílio, 3 jam sessions, 12 horas de rádio ao vivo, 18 horas de um intenso workshop de jazz para estudantes de música e 5 horas de masterclass para músicos profissionais.

Mais do que uma panóplia de actividades ricas, eclécticas e diversificadas importa compreender que o público, as pessoas, estão no centro da identidade do festival. Consciente de que a roda já foi inventada e em tempos de resistência face ao desequilíbrio entre os financiamentos públicos disponíveis e as necessidades reais de um país com sede de cultura, a Gira Sol Azul (associação que organiza o Que Jazz É Este?), posiciona-se num lugar de escuta para alimentar espaços já desenhados anteriormente mas que mantêm a urgência de se desenvolverem e aprofundarem laços indo ao encontro dos interesses, necessidades e direitos das pessoas, ocupando preferencialmente espaços públicos.

Os CONCERTOS estão desenhados em 3 blocos de programação dirigidos a públicos diversos, contamináveis entre si e distribuídos por 3 horários: 17h, 19h e 21h30. A par de integrar o trabalho que é desenvolvido localmente e que pretende deixar marcas, a programação do festival coloca a região no mapa incluindo concertos únicos e integrando artistas emergentes e artistas nacionais e internacionais de relevo.

É nos claustros do Museu Nacional Grão Vasco que Sergio de Lope, considerado pela crítica como “o grande renovador do flamenco actual”, apresenta o seu mais recente projecto Ser de Luz, um cruzamento entre o clássico e o neo-flamenco, no qual os códigos do jazz se misturam livremente com outras músicas do mundo.

No Parque Aquilino Ribeiro, bem no coração da cidade, passam Ms Maurice, Nelembe Ensemble e Selma Uamusse. Liderado por Sheila Maurice-Grey, o grupo Ms Maurice traz a Viseu uma mistura de influências de grooves orgânicos infundidos com jazz dos anos 70 e um toque de tempero sónico da África Ocidental. Estes sons são fortemente influenciados pela educação londrina da trompetista que também é estimulada pela sua prática de arte visual, onde pretende questionar a sua “identidade”, bem como o que significa “to misrepresent vs to be misrepresented”. Já Nelembe Ensemble, criação do músico e multi-instrumentista Jorge Queijo, apresenta um conceito musical que ultrapassa fronteiras e estilos, abraçando afrobeat e highlife, sem esquecer a soul, funk e o jazz em constante confronto. Selma Uamusse, através do seu poderoso instrumento vocal e genialidade performativa, explora as raízes do seu país de origem usando ritmos moçambicanos e letras em línguas nativas e apresenta uma tela vibrante de canções neste concerto único acompanhada pelo Colectivo Gira Sol Azul: um concerto com elementos vitais unificadores em forma de manifesto pela harmonia ao que nos rodeia, um olhar positivo sobre o mundo, uma forma de luta e de esperança por uma sociedade mais livre e com mais amor.

No âmbito da parceria com o Carmo’81, apresentam-se Themandus, vencedores do Concurso Internacional de Jazz da Universidade de Aveiro que no Que Jazz É Este? irão percorrer estéticas como drum‘n’bass, ambient, boom bap, a fim de saciar as suas necessidades musicais e, paralela ou paradoxalmente, as esfaimar.

A Casa do Miradouro acolhe os WIZ que nos brindam com música que vagueia entre a liberdade da improvisação e o rigor da composição num caleidoscópio sonoro que nos transporta para as mais infinitas e oníricas paisagens.

Nguyên Lê e Gary Husband apresentam-se na mais emblemática sala de espectáculos da cidade, o Teatro Viriato. Movidos por uma interacção natural e um sentimento magnético de união, este duo é descrito pelos críticos como a personificação da fusão, que ao combinar elementos de jazz e rock oferece possibilidades musicais infinitas, resultando na criação de algo verdadeiramente único.

A Pousada de Viseu, situada no edifício histórico do antigo hospital da cidade, recebe o trio Carreiro/Gapp/Sousa que explora as possibilidades que surgem da sua formação pouco usual - dois instrumentos harmónicos e bateria - numa viagem onde o silêncio se sobrepõe a qualquer outra premissa.

As rubricas JAZZ NA RUA e JAZZ AO DOMICÍLIO, que têm como principal objectivo fazer a música atravessar-se no caminho das pessoas, vêem renovadas as parcerias com escolas profissionais de música da região, contando com apresentações de combos de jovens músicos que vêm contagiar a cidade com a energia do jazz todos os dias do festival nas ruas, prisões e lares alargando desta forma o acesso de todos à cultura.

A RÁDIO ROSSIO emite a partir da sua caravana, estúdio móvel que usa frequências de rádios locais com programas especialmente concebidos para o festival. Este ano, as manhãs estão sob o comando de grupos de Rádio-Escolas da região – programas de alunos para alunos, onde o público escolar em contexto de campos de férias é especificamente convocado para fazer parte. As tardes estão nas mãos de Isilda Sanches que apresenta “Muitos Mundos” (programa aberto à descoberta e multiplicidade, que se move entre vários géneros e coordenadas espaço-tempo), Cristóvão Cunha com “A cassete dos Ramones p’ra gente curtir”, Brunex e Liliana Bernardo com “Nem Ele Nem Ela” e ainda o indispensável Ricardo Ramos com destaques do que melhor se fez por Viseu em termos de música original dentro do rock, pop alternativo, punk e metal em “Gumbo Beirão”.

O festival Que Jazz É Este? continua a ser um espaço de criação de dinâmicas e oportunidades de formação e profissionalização na área da música e neste âmbito realiza-se o 15º WORKSHOP DE JAZZ DE VISEU orientado por Xose Miguélez [ES] e Luísa Vieira [PT] em dias de trabalho intenso partilhado depois em palco no Carmo’81. Também Nguyên Lê e Gary Husband orientam uma MASTERCLASS especificamente dirigida a músicos profissionais.

No final das noites há ainda palco aberto: músicos e estudantes de música estão convocados para fazerem parte do encontro – JAM SESSION - onde em tom informal se experimenta a característica que melhor define a música jazz: improvisação!

A 11ª edição do festival Que Jazz É Este? é financiada pelo programa Eixo Cultura do Município de Viseu e conta com vários importantes parceiros e mecenas locais e nacionais que têm contribuído para a afirmação do festival como um projecto de relevo e prestígio na região centro. De modo a incentivar a equidade no acesso ao festival, e por forma a consciencializar os públicos de que a fruição cultural deverá ser acessível mas não forçosamente gratuita, as actividades que integram o festival são de entrada livre, mas a organização apela a um pagamento não obrigatório, através de um «donativo consciente».

À distinção de ‘melhor cidade para viver’ e ao título de cidade-jardim, juntam-se características ímpares ao nível da gastronomia, património, roteiros, percursos pedestres e, claro, excelente música para ver, ouvir e fazer parte: motivos não faltam para mergulhar em mais uma edição do festival Que Jazz É Este? de 20 a 23 de Julho em Viseu.