Centro de Interpretação do Rio “é símbolo da nossa identidade”

Infraestrutura foi inaugurada e já recebeu um prémio nacional que distingue projectos de reabilitação urbana, sustentável e inteligente
O Centro de Interpretação do Rio (C-Rio) “é mais do que um equipamento educativo e científico, é um símbolo do nosso compromisso com a preservação ambiental, com a valorização do património natural e com as futuras gerações”, disse Jorge Almeida, Presidente da Câmara Municipal de Águeda, sexta-feira, na inauguração deste equipamento que traduz um investimento de mais de 470 mil euros do Município de Águeda e que vai ficar agora disponível ao público.
O C-Rio é um espaço dedicado à sensibilização e valorização dos ecossistemas de água doce, com especial enfoque na Bacia Hidrográfica do Vouga, promovendo o conhecimento da biodiversidade fluvial e a importância dos rios no equilíbrio ambiental e cultural da região, bem como sensibilizando para os comportamentos que podem pôr em causa todo este ecossistema. Será ponto central, de partida, para um conjunto de actividades e dinâmicas ligadas à interpretação e vivência do rio (científicas, de lazer, lúdicas, turísticas, desportivas, etc).
“Queremos, estrategicamente, voltar a cidade/concelho para o rio”, declarou, apontando a aposta que o Município de Águeda tem feito nas intervenções de renaturalização dos percursos ribeirinhos do concelho e que têm sido reconhecidos como modelos a seguir. “Temos, nesta área também, feito um percurso fantástico, que começou na Ribeira da Aguieira e que estamos a fazer semelhante em Aguada de Cima, para além do projeto LIFE Águeda, que trouxe até nós um conjunto de parceiros com quem trabalhamos também intervenções de renaturalização dos rios Águeda e Alfusqueiro e que são reconhecidamente exemplares”, sublinhou Jorge Almeida.
O equipamento recém-inaugurado e já premiado, na última semana, no Portugal Smart City Summit, com o Prémio António Almeida Henriques, na categoria de “Reabilitação Urbana, sustentável e Inteligente”, é “mais um exemplo de sucesso desta visão estratégica”.
O C-Rio, que contou com a parceria do LIFE Águeda, “ocupa” um edifício abandonado nas margens do rio Águeda. Depois de uma litigância de anos, entre a Câmara de Águeda e os proprietários dos terrenos onde este edifício estava localizado e votado ao abandono, “conseguimos resgatar este espaço” e agora dar uma funcionalidade totalmente “nova e revigorada”.
“O C-Rio faz parte de uma estratégia mais ampla, um elemento essencial de toda uma filosofia que temos de renaturalização”, apostando no Rio Águeda como foco central, de um parque urbano natural, que vai ligar as duas margens do rio, envolvendo o percurso pedestre do Ameal e o usufruto do rio para várias actividades lúdicas e desportivas.
Edson Santos, Vice-Presidente da Câmara de Águeda, salientou que esta nova infraestrutura, que exibe e sensibiliza para as espécies autóctones do concelho e região, é resultado desta “visão estratégica” sobre o concelho, nas áreas do ambiente e sustentabilidade, trabalhando “para um futuro melhor para as novas gerações, para que aprendam sobre o nosso ambiente e sobre os nossos rios”.
Ao vermos este e outros projectos concretizados, percebe-se que “tudo começa a fazer sentido e os vários projectos e equipamentos se interligam e demonstram uma visão clara a estratégica sobre o nosso concelho”. “Queremos que este seja um lugar de descoberta, de participação activa e de reforço do orgulho em sermos parte de um território onde o rio tem um papel central na nossa identidade”, frisou Edson Santos.
Pedro Raposo, responsável pelo LIFE Águeda, presente na sessão inaugural do C-Rio, destacou a “enorme satisfação” de ver este equipamento concluído. “Este era um sonho de um projecto com oito anos, em que Águeda nos acolheu de braços abertos, com intervenções que vão muito além deste equipamento, que devolveu a Águeda 34 quilómetros de rio livre (de obstáculos), em que os animais conseguem utilizar os seus habitats naturais”.
Espaço para saber mais sobre os rios
O C-Rio conta com dois pisos. No piso superior, encontra-se a Sala Expositiva, onde existem quatro áreas temáticas distintas (Bacia Hidrográfica do Rio Vouga; Espécies e Habitats; História e Cultura do Rio; Artes de Pesca) valorizadas pela instalação de cinco aquários expositivos.
Ao longo do “percurso”, a exposição é também complementada pela instalação de diversos equipamentos lúdicos e educativos que apoiam a fruição da visita, da sua narrativa e discurso museológico.
Ainda neste piso localiza-se a Sala Imersiva (que será terminada numa segunda fase da obra), onde os visitantes poderão “mergulhar” numa viagem sobre os rios do concelho e região. Esta sala, devido à versatilidade que lhe está associada, permitirá ainda a realização de diversas actividades pedagógicas, palestras ou workshops.
No piso inferior estão localizados os balneários e casas de banho, bem como toda a zona evolvente de jardim que é, também, um ponto de partida para a dinamização de outras actividades lúdico pedagógicas possíveis de desenvolver no exterior.
Refira-se que o C-Rio contou com um investimento total de mais de 470 mil euros (470 844 euros), com financiamento superior a 356 mil euros, no âmbito do Centro 2020 (edifício) e LIFE (área expositiva).