Anta de Mazes

Anta de Mazes
Fotografias: Hugo Monteiro e Marta Guedes

Natureza moldada apenas para garantir a subsistência das gentes da terra.

O ar fresco das encostas do Douro cumprimenta-nos num convite à caminhada... e o Sol ajuda! Partimos de Lamego, bafejados pelo seu magnífico património, e enchemo-nos de energia durante a estrada até Mazes. São cerca de 17 quilómetros que passam por Lalim e Lazarim.

Ao chegar a Mazes o melhor é mesmo estacionar logo “à porta” da aldeia e começar a explorar o percurso. Rua acima, a fonte é primeira paragem, observamos o seu traçado rústico e continuamos na direção da igreja. Por estas paragens o progres- so vê-se, sobretudo, no pavimento modernizado das ruas e nalgumas casas muito bem recuperadas, que dão vontade de habitar durante uns dias, sempre de lareira acesa.

A sinalização orienta-nos e, pela esquerda, leva-nos aos pequenos socalcos construídos para alimentar a aldeia. As grandes lajes estendem-se aos nossos pés e Mazes fica para trás, “descendo” a encosta. O trilho torna-se mais irregular e exige atenção às marcas e ao chão que pisamos.

Entretanto, para além dos nossos passos, ouvimos a água que escorre do monte. Observamos os moinhos e descemos ao ribeiro, ignorando a pequena variante ao percurso.

A subida é reforçada com uns goles no cantil. Pelo meio das rochas, o percurso transforma-se num inusitado passadiço por cima da água encanada, sempre com um corrimão a prevenir o pé em falso. Uma sombra convida à paragem e ao escutar desta explosão de natureza.

Bastantes minutos depois alcançamos o auge do trilho – Antas. A aldeia, agora vazia de gente, está cheia de animais. As casas são estábulos, mais ou menos ruidosos, habitados por cabras e ovelhas que da serra tiram o seu sustento. A intensidade da luz neste local é fantástica e permite captar excelentes imagens povoadas do verde da vegetação, do azul do céu e do cinza das pedras. Relaxamos sentados ao Sol e cumprimentamos o pastor que por ali passa com o seu rebanho. Ao fundo, as torres eólicas lembram-nos que o tempo não para.

De regresso ao caminho, percebemos que a descida, ora íngreme, ora mais ténue, nos levará de volta a Mazes. Este PR4 termina ao fim de quatro horas e seis quilómetros de natureza, as saudades deste pequeno recanto de certo nos farão voltar! 

Texto original de Hugo Monteiro.