Parque Eduardo VII, um oásis na capital

Parque Eduardo VII, um oásis na capital
Fotografia: Cátia Soares

O Parque Eduardo VII é um dos maiores espaços verdes da cidade de Lisboa. Desporto, lazer e cultura unem-se neste local, que já se tornou numas das imagens de marca da capital portuguesa.

Dois jovens estendem uma toalha na relva, aproveitando a sombra de uma árvore. À sua volta, um relvado imenso, dezenas de árvores e o sussurrar da água num pequeno lago. Uma imagem aparentemente pouco usual, ou não estivéssemos a falar do centro da capital portuguesa.

No entanto, é precisamente no centro de Lisboa, no topo norte da Ave- nida da Liberdade e por detrás da agitada Praça Marquês de Pombal, que se ergue o Parque Eduardo VII.

Por entre o verde da paisagem, destaca-se o encarnado da bandeira nacional. Hasteada a mais de 30 metros de altura, o símbolo do povo português ondula perpetuamente num parque batizado em honra de um rei… britânico. Eduardo VII visitou Lisboa no início do século XX, com o objetivo de reforçar a aliança entre as duas Coroas. Em 1903, o Parque ganhou o nome pelo qual é agora conhecido.

Mas o monarca britânico não é a única personalidade recordada no espaço. Construído em 1932, o Pavilhão dos Desportos, famoso pela fachada decorada com azulejos portugueses, é agora chamado Pavilhão Carlos Lopes. Depois dos concursos públicos e de uma considerável dose de polémicas, o destino deste edifício é ainda incerto, com a degradação do património a crescer a olhos vistos.

Um dos locais de paragem obrigatória para qualquer visitante é o Jardim Amália Rodrigues, que apre- senta diversos ambientes naturais, contando com um lago, um anfiteatro e as esculturas "Maternidade", da autoria de Fernando Botero, e "O segredo", de António Lagoa Henriques.

É possível espreitar por cima do ombro da estátua do Marquês de Pombal para a Baixa da cidade, que se debruça sobre o rio Tejo numa sucessão de ruas e edifícios. Uma imagem que rivaliza com qualquer postal da capital.

 

Os pulmões de Lisboa

 

Perto do Marquês de Pombal, uma corredora verifica os atacadores e respira fundo. Mesmo para aqueles que já estão habituados a palmilhar as ruas de Lisboa a passo acelerado, é uma longa subida desde o Marquês do Pombal até ao topo do Parque, onde se ergue a famosa escultura de João Cutileiro em homenagem ao 25 de abril.

A atividade física é uma constante neste espaço, quer se trate de corrida, ciclismo ou até da projeção de partidas de futebol em ecrã gigante, eventos que atraem milhares de adeptos ao recinto.

Os percursos são diversos, com as subidas e descidas ondulantes do Parque e a diversidade dos seus espaços a oferecer várias oportunidades que, há um século, desafiam a imaginação dos visitantes.

Os trabalhos de ajardinamento do então designado por Parque da Liberdade começaram em 1915, mas a atual configuração do espaço foi projetada pelo arquiteto Francisco Keil do Amaral. A alameda central, cober- ta de relva, é rodeada por passeios em calçada portuguesa, que separam as zonas arborizadas, num espaço que se prolonga por cerca de 26 hectares.

Uma ciclovia aberta a peões e ciclistas une o Parque Eduardo VII ao Parque Florestal de Monsanto, outro dos grandes espaços verdes da cidade. Este “corredor verde” com cerca de 2,5 quilómetros, projetado por Gonçalo Ribeiro Telles, integra várias estruturas de desporto e lazer, potenciando a prática de atividade física e oferecendo um olhar ecológico sobre a capital.

 

Pelas bocas de Lisboa e nos olhos do mundo

 

O nome do Parque Eduardo VII está intimamente ligado à Feira do Livro de Lisboa, que celebra este ano a 84.ª edição. Os pavilhões coloridos de mais de 80 editoras estendem-se pelos passeios em calçada portuguesa e, no fim de maio e início de junho, emprestam cor e animação extra ao espaço.

Mas se o Parque Eduardo VII já é conhecido pelos lisboetas por receber inúmeros eventos culturais ao longo do ano, a sua fama estende-se agora para além-fronteiras, ao ser um dos palcos de um videoclip da cantora Shakira. Ao ritmo da música da colombiana surgem imagens da capital vista a partir do Parque, embaladas pela ondulação da gigante bandeira portuguesa… que surge numa versão integralmente vermelha.

E se o Parque Eduardo VII é visto em todo o mundo, também pequenos pedaços dos cinco continentes podem ser vistos sem sair do Parque. Uma aventura por lagos, cascatas e grutas, recheada de catos, palmeiras e outras plantas exóticas é a sugestão das estufas fria, quente e doce, espaços que oferecem um oásis de paz e uma viagem pelo mundo dos sentidos.

Uma lufada de ar fresco, bem no centro da capital. 

Texto original de Cátia Soares.