Missão Verde
Mais do que um estatuto, o título de Geoparque é um compromisso assumido: defender o ambiente, a história e a cultura dos territórios.
Tesouros em ponto grande à espera de serem desvendados. Poder-se-ia descrever assim os Geoparques, não fossem estes locais onde a natureza exibe a sua mestria. Mas o conceito, tal como criado pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – obedece a definições mais rígidas. Esta é uma ideia que nasceu da força conjunta de vários parques europeus e chineses que, em 2004, propuseram àquele organismo o desenvolvimento da Global Geoparks Network. O objectivo: relançar a visão sobre o património natural que muitas vezes passa despercebido, de modo a canalizar recursos mais fortes para a conservação dos parques. A ideia passou para a acção em 2015, quando os 195 países membro da Unesco lançaram a Unesco Global Geoparks.
Actualmente, existem 140 Geoparques espalhados por 38 países. O que torna um parque num geoparque? Segundo a Unesco, trata-se de uma área geográfica unificada, com um forte património não só natural como cultural, cuja gestão obedece a uma visão holística. Ou seja, é imperativo que as entidades responsáveis pelo parque assegurem o seu desenvolvimento sustentável e promovam a educação ambiental. A meta da organização é assim incentivar o geoturismo de forma atenta e proteger as comunidades cujo modo de viver faz parte do território.
Um pedaço da identidade portuguesa
O estatuto de geoparque é reavaliado de quatro em quatro anos. Em Portugal, a gestão dos geoparques cabe ao Fórum Português de Geoparques Mundiais, criado sob a égide da UNESCO em 2011.
São membros do Fórum Português de Geoparques Mundiais da Unesco o Geoparque Naturtejo da Meseta Meridional, o Geoparque Arouca, o Geoparque Açores e o Geoparque Terras de Cavaleiros. Em linha de espera está o Geoparque Estrela, um membro observador, cujo estatuto permitirá, no futuro, juntar-se a este clube. O que têm em comum estes parques, espalhados em cantos tão diferentes do país? Simplesmente, um ideal de actuação que passa por preservar testemunhos geográficos e saberes de uma comunidade. De Trás dos Montes às Ilhas açorianas, é possível descobrir em todos a mesma grandiosidade de paisagens e segredos da Natureza irrepetíveis.
Texto original de Mariana Rodrigues.