Dorsal Atlântica e Banco D. João de Castro

Dorsal Atlântica e Banco D. João de Castro
Fotografia: Azoresphotos.visitazores – Nuno Sá

Termina a viagem por terra. É preciso mergulhar para ver a Dorsal Atlântica, o mais extenso vale de rifte do mundo, com cerca de 16 mil km de extensão que atravessam a quase totalidade do oceano. Trata-se de uma zona sísmica e vulcanicamente muito activa, que está associada à formação do Atlântico e à sua expansão, à média de 2 cm por ano, bem como das ilhas açorianas – é preci- samente no arquipélago que fica um dos seus pontos mais interessantes do ponto de vista científico, pois aqui confluem três placas tectónicas. A cadeia montanhosa localiza-se entre os grupos ocidental e central, entre os 840 e os 3 mil metros de profundidade.

A origem da vida

Não menos impressionante é o Banco D. João de Castro, um monte submarino que surgiu por volta de 1720 após uma erupção vulcânica que originou uma ilha circular. Esta foi desaparecendo devido à erosão marinha, até ser dada como extinta dois anos depois. Em meados do século XX, descobriu-se que a ilha, na realidade, tinha-se transformado num recife e encontrava-se apenas uns metros abaixo da linha de água, podendo ter sido, por isso, a causa de alguns naufrágios.

O mergulho é a melhor forma de contemplar este fenómeno da natureza, situado numa zona conhecida como Rifte da Terceira, entre esta ilha e a de São Miguel, e conhecer de perto a sua enorme biodiversidade – cerca de 300 espécies já foram detectadas, com destaque para a jamanta, a serra e a cavala-da-Índia. Mas muito mais há a descobrir: o arquipélago dos Açores é uma importante rota de migração, daí que no Banco D. João de Castro possam existir espécies raras que não tenham sido registadas nas expedições anteriores, como o tubarão-frade, o tubarão-baleia, as orcas ou as baleias-azuis. 

Este poderá ser ainda um óptimo local para entender a origem da vida, nomeadamente através do estudo dos extremófilos, organismos que vivem em condições extremas, como falta de luz, baixa temperatura, pressão elevada e abundância de elementos tóxicos, algo que caracteriza esta formação geológica. Além disso, é um excelente local para o estudo da tectónica das placas e consequente actividade sísmica e magmática. Tudo isso levou a que o Banco D. João de Castro seja Sítio de Interesse Comunitário e integre a Rede Natura 2000 da União Europeia.

E assim acabamos a longa viagem pelo Geoparque Açores. Passámos por alguns dos geossítios mais importantes, com a certeza de que neste arquipélago há muito mais para ver e fazer. A Floresta Laurissilva, a biodiversidade infinita, os jardins, as plantações de chá, o património arqueológico subaquático ou as festas do Divino Espírito Santo valeriam, por si só, uma nova jornada…