CIAJG inaugura novo ciclo expositivo a 17 de Maio

CIAJG inaugura novo ciclo expositivo a 17 de Maio
Foto: ©Bruno Lopes

CIAJG inaugura novo ciclo expositivo a 17 de Maio com "INTERVALO" de Alexandre Estrela, e "Inferno" filmado por Mariana Caló e Francisco Queimadela

 

O sábado 17 de Maio marca a inauguração do novo ciclo expositivo do Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG). Às 18h00 deste dia, o CIAJG dá a conhecer as novas exposições temporárias, onde a relação com passado, memória e história volta a entrar em ebulição a partir da sua ficção. 

 

No piso térreo, que sustenta a mostra permanente da colecção do CIAJG, inaugura "INTERVALO", exposição individual do artista Alexandre Estrela. Desenhada exclusivamente para o CIAJG, no intervalo de uma exposição tripartida, esta exposição dialoga com a animação e o desenho animado nas relações entre pintura e vídeo, nos enlaces de uma memória colectiva.   

 

No piso -1 do museu, apresenta-se uma só imagem em filme. A pintura "Inferno", uma das mais peculiares da história da arte portuguesa entre o final do século XV e início do século XVI, filmada por Mariana Caló e Francisco Queimadela a convite do CIAJG, entrará em fricção solitária com o alicerce do museu e com todo o programa artístico do Centro.    

 

O programa desenhado para este fim de semana começa no sábado e prolonga-se até domingo, 18 de Maio, Dia Internacional dos Museus. A abertura das exposições conta com a performance "Mickey Mouth" a partir da exposição "INTERVALO" com Borja Caro e Violeta Azevedo, seguida de um jantar aberto ao público, e no domingo voltaremos a percorrer o museu numa sequência de visitas à colecção permanente e às novas exposições. 

 

O CIAJG prepara-se para inaugurar, a 17 de Maio, uma exposição de um dos mais reconhecidos artistas portugueses, que tem vindo a explorar questões formais e conceptuais relacionadas com a percepção da imagem e do som, utilizando dispositivos por vezes inusitados e provocadores para estimular uma consciência crítica no espectador. Desde meados da década de 1990, a obra de Alexandre Estrela (Lisboa, 1971) tem-se distinguido pela forma original e idiossincrática como reúne e sobrepõe um vasto leque de domínios, temas e referências da instalação, desenho e imagem em movimento. Entre as exposições individuais recentes, destaca-se Flat Bells no MoMA: Museum of Modern Art (Nova Iorque), 2024. O artista participou ainda em inúmeras exposições colectivas em instituições e bienais e, com Ana Baliza, programa o projecto farO, um espaço em Lisboa que reúne uma comunidade de artistas. 

 

Após a abordagem 'naturalista' de "A Natureza Aborrece o Monstro" (2024), exposição de Alexandre Estrela na Culturgest (Lisboa), o artista apresenta no CIAJG a segunda parte de uma exposição tripartida - um interlúdio que dialoga com a animação e o desenho animado. Em "INTERVALO", Alexandre Estrela explora a exposição como um meio em si mesmo, transformando as salas do CIAJG numa experiência meticulosamente orquestrada. Os visitantes serão guiados por uma coreografia espectral e técnica, experienciando a galeria como um espaço vivo, desdobrado e em evolução. O conjunto de trabalhos reunidos tem no desenho e na pintura as fundações estruturais - “esqueletos” - para aparições digitais, ou “fantasmas” que ecoam os ritmos primordiais da vida multicelular. Esta nova exposição no CIAJG tem a curadoria de Marta Mestre e o apoio da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea (RPAC) em colaboração com a Culturgest (Lisboa) e o MACE (Elvas).

 

Neste mesmo momento inaugural, abrem-se igualmente as portas para conhecermos a filmagem da pintura “Inferno”, realizada pela dupla de artistas Mariana Caló e Francisco Queimadela a convite do CIAJG. “Inferno” é uma das mais peculiares pinturas portuguesas, geralmente conotada com os "Primitivos Portugueses", por referência à pintura da segunda metade do século XV e começos do século XVI. Com autoria de um mestre português desconhecido, nesta pintura o demoníaco é associado ao universo extra-europeu: Lúcifer veste-se com um toucado de penas ameríndias, senta-se num trono africano e segura uma trompa de marfim; outro demónio está ornado também com plumagem. A datação de "Inferno" é contemporânea dos primeiros contactos entre indígenas brasileiros e portugueses, e sucede aos "Reis Magos" do Retábulo da Sé de Viseu que configura, de forma inédita, o indígena brasileiro no cristianismo.  

 

A aparição desta pintura ao grande público deu-se somente em 1940, no contexto de eventos associados à Exposição do Mundo Português, entre outras comemorações. Até essa data esteve retirada, tanto por questões de conservação, como pela natureza "demoníaca" da representação, que alude à Inquisição e às crenças do Antigo Regime. "Inferno" apresenta uma imagem medieval do Inferno, inventariando os suplícios eternos com relação aos pecados capitais. A convite do CIAJG, Mariana Caló e Francisco Queimadela filmaram esta pintura pertencente ao acervo permanente do Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa), apresentando-se agora em filme, na forma de uma "aparição" ou "vertigem", com curadoria de Marta Mestre e João Terras.

 

 

Na manhã seguinte à inauguração de um novo ciclo expositivo, segue-se o ritual de visita às novas exposições com a presença de artistas e curadores. No dia 18 de Maio, em sincronia com o Dia Internacional dos Museus, pelas 11h00 e com entrada livre, percorremos na primeira pessoa a exposição "INTERVALO" com a visita-conversa orientada pelo artista Alexandre Estrela e pela curadora da exposição Marta Mestre. No dia 31 de Maio (sábado), às 11h00, esta mesma exposição será explorada com recurso a interpretação em Língua Gestual Portuguesa, numa visita orientada por Mariana Vila e Margarida Silva.

 

Ainda neste dia pós-inaugural, o programa de Educação e Mediação Cultural lança as mantas para fazer do museu um jardim, onde arte e alimento se constituem com um só elemento na Visita PICNIC à colecção do CIAJG. Orientados pelas artistas Luísa Abreu e Polyanna Marinho, visitaremos às 15h00 a colecção permanente do CIAJG, entre objectos e alimentos, colhendo e recolhendo alimentos e imagens, numa visita que termina num piquenique onde comida e arte se servem da mesma forma.

 

Todas as visitas referidas são direccionadas a maiores de 6 anos de idade e a entrada é gratuita, até ao limite da lotação disponível.

 

 

As várias exposições podem ser visitadas por público de todas as idades de terça a sexta-feira, das 10h00 às 17h00, e ao sábado e domingo, das 11h00 às 18h00, encontrando-se a respectiva informação e restante programação disponível AQUI e AQUI. A entrada geral para visita a todas as exposições do CIAJG tem o valor de 4 euros (ou 3 euros com desconto), sendo gratuita aos domingos de manhã (11h00–14h00) e em qualquer dia/horário para crianças até 12 anos.

 

 

Programa

 

Sábado 17 Maio  

18h00 Abertura das novas exposições 

19h00 Performance Mickey Mouth a partir da exposição "INTERVALO", com Borja Caro e Violeta Azevedo  

20h00 Jantar comunitário 

 

Domingo 18 Maio 

11h00 Visita-conversa à exposição "INTERVALO" com o artista Alexandre Estrela e curadora Marta Mestre 

15h00 Visita PICNIC à colecção do CIAJG com Luísa Abreu e Polyanna Marinho